Intercâmbio de Saberes

Em janeiro de 2020, fui com uma equipe de 8 médicos para a floresta Amazônica na aldeia Mutum, realizar atendimentos nutricionais para o povo indígena da etnia Yawanawá. Como uma forma de troca de serviços,  adentramos na vida na floresta, conhecendo brincadeiras típicas e medicinas tradicionais do povo no festival Mariri.
Foi surpreendente perceber como os alimentos industrializados já fazem tão parte da rotina deles, encontramos embalagens de biscoitos, balas, miojo etc, pelas terras aos redores da aldeia e nos rios. Infelizmente, patologias como hipertensão, diabetes, gastrites nervosas, constipação e ansiedade são muito presentes como clara consequência da alimentação.
Pudemos distribuir fitoterápicos disponibilizados pela prefeitura do município Cruzeiro do Sul e realizar orientações básicas de saúde. Enfatizei a importância da redução de ingestão de açúcares refinados e produtos como refrigerantes e biscoitos recheados individualmente e em grupo, porém muitas recomendações ficaram limitadas, pois o acesso aos alimentos é muito restrito e voltado para o que vem de fora.

Quando conhecemos as medicinas da floresta foi impressionante perceber o mundo que eles acessam, apesar de manter hábitos alimentares tão prejudiciais. É uma consciência que vai além da matéria física, é um acesso ao mundo sutil. Todos pudemos ter confirmações dos nossos caminhos, dos próximos passos e sentir na prática essa força maior que envolve a todos nós, independente de raça, cor, religião, credo, estamos todos conectados.
Voltei de lá completamente transformada e com uma única certeza: que voltaria o quanto antes! 
Muitas ideias surgiram que ainda vamos desenvolver nessa  troca.